segunda-feira, 26 de julho de 2010




Feche o seu guarda-chuva e se deixe molhar.




segunda-feira, 19 de julho de 2010

telerj




O mar não está pra peixe.
Nem pra conchas, nem pra gente, nem pra mar...
O mar não está.
Por favor, após o sinal eletrônico, deixe o seu recado.


Michel Melamed

o que me convém



Quero todos os prazeres que julgar convenientes.




sou eu / o quereres




Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.


Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.

E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.

E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.

Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.

Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.

Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ...

(Álvaro de Campos)

___________________________________________________

Onde queres revólver sou coqueiro, onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo, e onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem alta eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta, e ganha liberdade na amplidão

Onde queres família sou maluco, e onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco, e onde queres eunuco, garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres cowboy eu sou chinês

Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato eu sou o espírito, e onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo, e onde buscas o anjo eu sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói, e onde queres tortura, mansidão
Onde queres o lar, revolução, e onde queres bandido eu sou o herói

Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés, e vê só que cilada o amor me armou
E te quero e não queres como sou, não te quero e não queres como és

Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper vídeo, e onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua eu sou o sol, onde a pura natura, o inceticídeo
E onde queres mistério eu sou a luz, onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro, e onde queres coqueiro eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal, e eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo te aprender o total do querer que há e do que não há em mim

(Caetano Veloso)


os rumores a seu respeito




Desde o momento em que você nasce as pessoas começam a falar sobre você umas com as outras, sem que você tenha acesso direto ao conteúdo do que elas dizem e sem que possa interferir com a mesma liberdade criativa nas concepções que desenvolvem a seu respeito.

Com o tempo, os rumores a seu respeito tornar-se cada vez mais associados a você; quando você chega, o que as pessoas de fato enxergam é uma complexa obra de ficção, uma impressão formada tanto ou mais pelo conjunto total dos rumores a seu respeito quanto pelo que você de fato já disse ou fez.

Somos, cada um de nós, uma obra coletiva.


(Paulo Brabo)


segunda-feira, 12 de julho de 2010

silêncio!




Silêncio!
Cale-se toda a Terra
Diante dele, cale-se!
Toda a Terra!
Fazei silêncio
Cale-se diante dele
Toda a Terra
Toda a Terra
Cale-se!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

ninguém está seguro






Não estamos seguros!

Nada está seguro!

Segurança não existe! 

Pelo menos, não como a maioria dos que conheço estão acostumados a configurá-la.

Pense comigo....

Quando desejamos segurança, o que exatamente estamos querendo? Falando por mim, o que chamo de segurança tem a ver com estabilidade e manutenção de bens, sejam materiais ou não (se é que existe algo imaterial). Tem a ver com garantias de continuidade. Quando falo em segurança, de primeira mão, me parece ter a ver com não ser assaltado ou furtado, não ser agredido ou violentado e continuar vivendo com o máximo de minhas possibilidades, físicas/mentais, disponíveis e atuantes.  Esse é o meu conceito básico, assim como o de muita gente.

Agora reflita com acuidade e franqueza, e responda para si mesmo: quem, em todo o mundo, pode GARANTIR essas coisas? Ou pior: quem, em todo o mundo, pode GARANTIR QUALQUER COISA? Plena ausência de dúvidas.... Certeza irredutível e invariável...?

Segurança tem ligação direta com continuar vivo... mas quem pode garantir mais um dia de vida?

Suponho que o problema está justamente no fato de que, pelo que parece, não temos garantia alguma de permanecer. Não temos garantias...


No fim das contas, a vida é sempre uma questão de fé.



quando não se há o que fazer... 01

Eah... é o ócio, brother.

E vou aqui chamá-lo de ócio criativo pra sugerir algum valor - e tentar condicionar vc a pensar da mesma forma.


kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Dá uma olhada nisso aí:




domingo, 13 de junho de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

aos envolvidos com dança

 Para mostrar que tbm sou cidadão. =D



ESTE CONVITE VAI PARA TODOS OS ENVOLVIDOS COM A DANÇA ,

DIRETA O INDIRETAMENTE, NA CIDADE DE SALVADOR- Ba


Convidamos à todos a se juntarem na caminhada em protesto por melhorias nas políticas públicas para a Dança no Estado da Bahia e para pedir também, providências da Prefeitura do Estado em relação a falta de emprego para os profissionais da área.

Sairemos todos com camisetas PRETA às 13:00h

do Campo Grande em direção a Praça Municipal

no dia 28 de Abril - Quarta - Feira

Lembrando que esta caminhada e uma iniciativa Civil e não tem vínculo com nenhuma atividade pública ou privada. Divulgue e participe!!!

gálatas - processo - 06

gálatas - processo - 05

gálatas - processo - 04

gálatas - processo - 03

gálatas - processo - 02

segunda-feira, 22 de março de 2010

gálatas - processo - 01

Segue o primeiro video do vlog de dança que topei assumir.

=)

A luz tá péssima... a qualidade não é alta.... mas está natural... então...

Veja logo isso aí!






domingo, 14 de março de 2010

safado




Não sou safado. É que encaro sexualidade com bom humor.

sexta-feira, 12 de março de 2010

praesumptio



 
Bem... eu não sabia como começar esse texto, por isso apenas comecei. Esse deve ser mais um daqueles textos escritos à maneira como se fala. Portanto, preciso me permitir fruir, dar espaço para devaneios e “viagens”, mesmo não sendo adepto de entorpecentes e alucinógenos. A propósito... suco de maracujá pode ser considerado alucinógeno? Hmm... enfim.  Mas eu sou tão metódico – diagnóstico da Taís* – que praticamente não consigo escrever livremente, sem precisar checar o que foi dito. Tsc! Pode apostar que esse trecho já foi alterado ou sofreu adições umas duas vezes, pelo menos. Não sei se é problema de vaidade ou formação, ou mesmo se um é decorrente do outro. O que sei é que minha presunção atrapalha pra caramba. É sério! Cara... sou muito presunçoso. Acredite! Enquanto escrevo esse texto, fico pensando na relevância dele para além de mim mesmo. Perceba que estou falando com você, o que pressupõe que pressupus que você ou alguém além de mim mesmo leria isso aqui (quantos ‘que’). E essa situação me força a escrever com algum rigor. Viagem, não é!? Mas é assim que acontece. E não para por aí. Como imagino estar escrevendo uma pancada de erros que me passam despercebidos, e como muito provavelmente esteja quase zombando de regras de escrita, tento acreditar – e fazer o mesmo com você - estar ciente de tudo isso, e que na verdade – mentira! – estou assumindo uma vanguarda na escrita (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk). Fala sério!

*A Taís é uma amiga baiana, bailarina, lunática, de pernas realmente inesquecíveis (ui!), com forte tendência à psicopatia. Ela se diz estudante de psicologia, mas nunca foi visto nenhum registro oficial ou testemunho considerável de comprovação. O que todos sabemos é que ela some algumas horas por dia e, de repente, reaparece. Vive cheia de idiossincrasias pseudo-freudianas e nos toma (seus amigos) por suposto projeto de estudo. O que me irrita a mesma medida que seduz e diverte. 
Beijão, gata!
=)

quarta-feira, 10 de março de 2010

liberdade




Liberdade não é ausência de limites, é possibilidade de escolha.

segunda-feira, 8 de março de 2010

eu, paradoxo


 



Eu estava aqui, percebendo que sou muito paradoxal – SIM, ESSA É MAIS UMA DAQUELAS DISGRAMAS CONFESSIONAIS. Cara... perceba: Boa parte do que assumi na primeira postagem desse blog,  desde a retomada, eu não venho cumprindo. Ok... não prometi muita coisa, mas o básico era descontração e espontaneidade. O que não vem acontecendo. =) No fundo, já sabia que retomando o blog eu me exigiria alguma consistência e importância para isso aqui. Ao fim das contas, usar o deboche e a despretensão iniciais como desculpa para não me cobrar muito era uma mentira. E mentia para mim mesmo. Espera... não era bem uma mentira. Estava mais para uma esperança em ser descontraído.  Acontece que descontração é um estado não permanente em minha vida. Por isso, agora venho RE-assumir o já assumido anteriormente, BUT... sem nóias. O blog não é/será/seilá apenas descolação, mas também exercício. Escrevo porque preciso, e preciso escrever bem. Não sei quanto tempo levarei para aprender a escrever, mas já comecei. Quem sabe não resolvo as questões da minha pena juntamente com as da minha existência? Ao que parece, uma já está entremeada a outra.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

o rico e o mendigo



- Como ousa me pedir mais? Que ridícula audácia é essa a que tem se permitido? Acaso não tem memória ou é mesmo o bom senso que lhe falta? Ora, lave esses olhos ou arranque-os de uma vez. Parecem sem utilidade. Tolo, esqueceu de onde veio? Foi num deserto que te encontrei tal qual um lagarto, sob o pó do chão seco, pisado e sem bem algum. Bem nenhum mesmo, pois que nem a vida parecia lhe valer alguma coisa. Nem a ti nem a qualquer outro. Era um defunto que ainda respirava, sendo lentamente enterrado ao curso de anos numa cova de solidão e apatia, sob os pés e indiferença dos que te viam sem enxergá-lo. Mas eu o enxerguei. O apresentei à minha família que lhe recebeu como igual. Te fiz sentar entre os meus irmãos. Dividiu o prato dos meus filhos. Em suas mãos confiei autoridade e responsabilidades cabíveis, para que ganhasse independência, maturidade e honra. Então agora, como você é capaz de ignorar a tudo isso? Não percebe que a sua atitude beira o deboche? Eu mesmo com minhas mãos te banhei, tratei suas feridas, te vesti e ensinei. Mas você que veio do nada, ainda não se dá por satisfeito. Escolheu não crescer, mesmo sendo educado pelos melhores e tendo sido respeitado por todos. Repete, assombrosa e insuportavelmente, os mesmos erros. E hoje me aparece, mais uma vez, pedindo mais. Mais. Mais o que? O que mais você espera de mim? Já não me desfiz o suficiente daquilo tinha para que você também tivesse? Já não dividi minha vida com você? E veja que nunca lhe pedi nada em troca. Acaso pensa que não sofro com a sua preferência pelo fracasso? Com a sua insistência num comportamento infantil e autovitimado? Como ousa? Como se atreve a voltar a mim? E justo eu. Explique-se.

- É porque no fim das contas, quando erro mais uma vez, você sempre é tudo o que tenho. Me perdoe.

...

- Espere! Não vá ainda. Olhe aqui, ainda posso te ajudar. Sim... eu ainda posso. Tenho como conseguir um novo emprego para você. É uma vaga disponível que estava sendo guardada há algum tempo. Sem dúvida, você se sentirá muito bem lá. E eu mesmo o recomendarei.

- Mas... Pensei que... Por que ainda me ajudaria? Já não lhe ofendi o suficiente? Por que, então...

- É porque o amo. E no fim das contas, quando você errar mais uma vez, e sei que vai errar, eu ainda serei tudo o que você tem.

desmoralize-se




Desmoralize-se!


seja marginal, seja herói




de Hélio Oiticica

sábado, 6 de fevereiro de 2010

sinto muito!




Pessoalmente, nunca falo ‘sinto muito’ nem ofereço meus pêsames. Sequer um ‘I’m sory’ ou um emoticon triste. Apático e sob uma naturalidade inconveniente, acabo por não verbalizar alguns de meus sentimentos frente a situações de muita gravidade. Claro que sinto algum peso quando comunico que alguém ‘morreu’, mas o termo ‘faleceu’ nem me chega aos lábios. Nem perto disso. Eu até fico contrito e gostaria que fosse percebida a minha dor. Não! Não gostaria, não. Eu apenas gostaria que soubessem que me importo e que não ignoro a dor do outro. Acontece que as pessoas geralmente só reconhecem isso frente a uma manifestação oficial, direta e se possível pública. A qual vem, na maior parte das vezes, no ato de dizer: sinto muito. Mas e eu? E eu que não digo? Será que soa grosseiro? Antipático? Puxa vida! Sinto muito!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

guerra santa




Ele diz que tem, que tem como abrir o portão do céu
ele promete a salvação
ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel
mas não rasga dinheiro, não

Ele diz que faz, que faz tudo isso em nome de Deus
como um Papa na inquisição
nem se lembra do horror da noite de São Bartolomeu
não, não lembra de nada não

Não lembra de nada, é louco
mas não rasga dinheiro
promete a mansão no paraíso
contanto, que você pague primeiro
que você primeiro pague dinheiro
dê sua doação, e entre no céu
levado pelo bom ladrão

Ele pensa que faz do amor sua profissão de fé
só que faz da fé profissão
aliás em matéria de vender paz, amor e axé
ele não está sozinho não

Eu até compreendo os salvadores profissionais
sua feira de ilusões
só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz
deixa o outro vender limões

Um vende limões, o outro
vende o peixe que quer
o nome de Deus pode ser Oxalá
Jeová, Tupã, Jesus, Maomé
Maomé, Jesus, Tupã, Jeová
Oxalá e tantos mais
sons diferentes, sim, para sonhos iguais

(Guerra Santa - Gilberto Gil)

sábado, 30 de janeiro de 2010

muita coisa




Tem muita coisa que odeio em muita gente que amo.



sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

de olhos fechados



Você já experimentou andar de olhos fechados? Lembro que quando criança fazia isso com alguma freqüência. Eu achava incrível a possibilidade de reconhecer o espaço inibindo a capacidade da visão e explorando os outros sentidos. Lembro que o temor era pequeno e capaz apenas de me divertir. Não havia grandes riscos. Nada seria mais perigoso que uma topada de leve ou derrubar algum vaso da sala. Naturalmente que a minha mãe não gostava dessa última possibilidade. Mas em algum momento aquilo tudo cansava. Aquele jogo exigia uma cautela constante e eu sabia que se abrisse os olhos – e podia fazê-lo assim que desejasse – tudo estaria lá, tal como deixei, e as possibilidades voltariam a ser mais práticas e confortáveis.


Já adulto, aprendi outro jogo, muito simples, mas que lembrava em quase tudo a brincadeira de criança. O mesmo se estabelece na relação de dois indivíduos: um condutor e um conduzido. O condutor comanda o ritmo e a direção da outra pessoa, levando-a aonde lhe parecer mais interessante, dentro de uma sala cheia de obstáculos. O conduzido permanece o tempo todo de olhos fechados, mas pode abri-los assim que desejar. No entanto, espera-se que o mesmo nunca abra seus olhos. Obviamente não se trata de uma disputa, mas sim de um exercício de cuidado e confiança.


No fim das contas, ambos os jogos lidam, basicamente, com o mesmo elemento: a fé. Trata-se de acreditar mesmo sem ver. É pisar sem exata referência prévia. É se permitir levar aonde não se sabe, sob risco constante, e acreditar que acabará ileso. É confiar. É esperar com bom ânimo.


Essa parece uma boa metáfora para a vida de todo aquele que caminha em fé, e nela respalda sua vida. A grande diferença é que, na vida, os riscos são enormes e o que está e jogo pode ser vital. Entretanto, a fé exige que feche os olhos aquele que já conhece o perigo, e que encontre descanso em confiar nAquele que o conduz.


Jeremias talvez dissesse: Desafortunado é o homem que deposita sua confiança em sua própria humanidade, fazendo dela a sua força.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

domingo, 24 de janeiro de 2010

exercício 1 ou 2



Eu realmente estou me OBRIGANDO a escrever com alguma disciplina. Sim, porque apesar de amar a letra e o texto, por assim dizer, eu ainda tenho alguma preguiça de fazê-lo de forma mais responsável. E, aqui, me refiro a ser responsável com a própria escrita, não necessariamente com o conteúdo da mesma. Portanto... se alguma alma vivente ainda lê o que aqui escrevo – será possível? –, peço que tenha um mínimo de compreensão com a situação desse pobre moribundo que vos escreve.


Naturalmente que escrevo primeiro para mim, para o meu próprio deleite ou como puro exorcismo de idéias e questões. Escrever tem se tornado uma necessidade. É algo que me move e que me tira do lugar, é um alimento para a minha dança. Mas a minha vaidade ainda não me permite fazê-lo de maneira tranqüila e despretensiosa. E já percebi que esse exercício demandará tempo e maturidade – em vários sentidos.


Teologia cristã sempre foi um dos assuntos que mais me provocaram a letra. Entretanto – e ainda bem –, isso tem ganhado novas perspectivas, novos ambientes e formatos. Uma nova consciência vem se estabelecendo em mim há algum tempo e isso tem me feito abrir os olhos. Mergulhar nas estruturas de tudo o que se crê não é uma convite á tranqüilidade, mas me foi necessário.

Obviamente que assim o era por causa da minha formação familiar e da constante referência do meu pai, que sempre leu e estudou questões espirituais e doutrinárias acerca do cristianismo. Sem dúvida, meu pai foi o meu maior influenciador à leitura. Ele ainda lê diariamente e escreve com alguma freqüência. E quando ele era o que hoje eu sou, gostava de por ‘em cheque’ verdades já estabelecidas e pouco refletidas. Sempre foi de confrontar e fazer rever. Não sei se meu pai tinha plena noção do que estava causando, mas fui treinado a provocar e questionar TUDO – talvez ele esteja um pouco arrependido.

Esse deveria ter sido mais um texto despretensioso, e até que permiti até certo ponto que ele tomasse seu próprio caminho. Você deve ter percebido que a citação ao meu pai foge um pouco da linha, mas eu quis puxar esse saco. Agora, venho expor a minha maior dificuldade numa estrutura normal de texto: a conclusão.

Por alguma razão, parece que não sei concluir bem os meus textos. Sempre sinto como se precisasse fechar. Como de a idéia estivesse em aberto. Bem... eu não quero falar sempre de coisas fechadas, mas uma concepção bem costurada é sempre bem vinda. De certo modo, isso é algo que não se limita a escrita, e é bem mais comum e cotidiano do que eu gostaria de aceitar. Em parte deve-se a algum medo – o que não vou detalhar agora – por outro lado é apenas uma dificuldade de concisão. E como venho afirmando desde o começo desse troço, a resolução disso talvez seja “apenas” uma questão de disciplina e exercício. E este... este termina aqui.

=)

sem aviso


Tem uma canção que conheci na interpretação SUFICIENTE da Maria Rita, à qual recorro de tempos em tempos. Se chama SEM AVISO e é de autoria de Francisco Bosco e Fred Martins. Acho que não preciso dizer muito.

Segue a letra:

Anda
tira essa dor do peito, anda
despe essa roupa preta e manda
seu corpo deslembrar

Canta
vira a dor pelo avesso, canta
larga essa vida assim às tontas
Deixa esse desenganar

Calma
dê o tempo ao tempo, calma
alma
põe cada coisa em seu lugar
e o dia virá, algum dia virá
sem aviso

Então...