quinta-feira, 5 de junho de 2008

O que estamos dançando?


"Dança + Igreja: essa união é possível?

Temos dois caminhos: ou fazemos uma correta teologia bíblica e missiológica e a aplicamos em nosso contexto para a redenção de nossa cultura ou então seremos alvos de mais um modismo que vai e vem, sem provocar verdadeiras mudanças espirituais e éticas em nossas igreja e em toda a sociedade.

A arte como serva do evangelho pode transformar estruturas; no entanto, um evangelho servo submisso da arte pode se descaracterizar e permitir o surgimento de uma arte alienadora, em vez de instrumento de libertação."


Carolina Lage Gualberto foi uma feliz surpresa que me aconteceu no início de 2008. Como de costume, estava pesquisando livros e música em algumas livrarias do centro de Salvador, quando fui apresentado ao livro Dança - O que estamos dançando? - Por uma nova Dança na Igreja (United Press), da Carolina.

De início ignorei, pois já tinha alguns livros sobre dança na Igreja, e já não tinha muita paciência para lê-los pois, em sua maioria, não têm uma articulação textual respaldada de maneira coerente. Ou, quando não pecam na construção de argumentos, erram na aplicação de uma postura teológica equivocada. Por isso, não me interessei muito pelo livro e não o comprei (que preconceito!). Apenas, para não descreditar a indicação do atendente, dei uma rápida lida na contra-capa, no índice e nas informações pessoais da autora.

A breve conferida foi suficientes para despertar em mim um interesse maior que o inicial - e preconceituoso. Percebi dados e colocações que me contrastavam com a maior parte dos livros da área, que alcançam divulgação nacional. Mas, realmente, não estava interessado o suficiente. Estava muito receoso acerca da aplicação devida do meu dinhiro, e não o gastaria com um livro que eu já "sabia o que estava escrito".Voltei para casa, esqueci o fato e continuei lendo apenas livros de teologia, de filosia e arte.

Algum tempo depois, por causa do aumento de convites para workshops e palestras, precisei voltar a estudar sobre louvor e arte, para poder contribuirt de maneira adequada e atual. E, me vendo com livros pouco ricos ou extrangeiros, fui atrás de algo direcionado à Igreja no Brasil. A primeira coisa que me veio em mente foi correr para aquela mesma livraria e dar mais uma folhada naquele livro e talvez arriscar comprá-lo. E assim o fiz.

Não me perdoaria se não tivesse me "arriscado" naquela aquisição.

Dança, de Carolina Gualberto, é uma obra importantíssima para os artistas cristãos de dança no Brasil. Mais do que isso, é NECESSÁRIO. É um livro equilibrado e amplo, que fala de questões elementares (que a maioria de nós ignora) de maneira profunda e bem argumentada. Indico com MUITA ÊNFASE a aquisição imediata desse livro, que vai fazer uma importante diferença na sua maneira de ver a relação entre Dança e ministério cristão.



Neemias Santana

O Hip Hop que deseja mais


É quase um absurdo manter a idéia obsoleta de que o Hip Hop não pode mais do que já representa. Ele deve e pode. Menosprezar a energia absoluta e a natureza virtuosa desta manifestação quando pensada também na perspectiva cênica, é sugerir que se mantenha um único paradigma de quem pensa e até faz dança.


Amparado sobre estas questões que há algum tempo vem me provocando, resolvi aqui traçar de forma sucinta um panorama a fim de tentar compreender porque essa dança ainda se mantém, apesar de algumas exceções, como um sub-PRODUTO dos teatros ou uma dança para alegrar cronogramas sórdidos de inúmeros festivos.


Onde está o problema?

Percebo claramente três fases bem delimitadas que ocorrem com os coreógrafos que trabalham essencialmente com as linguagens provenientes do Hip Hop e ‘Breakdance‘ e de alguma forma desejam traduzir, ou melhor, transferir tais linguagem para o universo cênico.


A primeira fase ou fase da ambição lembra muito uma criança ou adolescente que presencia novos fatos, absorve novas idéias, associa outros valores, imagens, sons, gestos, movimentos e signos de forma geral. Após vivenciar todo este novo, estes se refazem como sujeitos. Logo, querer mais não é patológico. Todavia, esse momento exige uma grande transformação, porque chegará o momento de eleger algumas prioridades para a pesquisa, apesar que não me parece este o melhor termo a ser empregado neste momento.


Aludo a esta fase como ambição *o que é super válido* visto ser o instante em que as coisas começam a provocar crises necessárias para quem quer seguir os traços de um criador, neste caso de um coreógrafo que deseja mais.


Organizadas algumas destas idéias, fato que nos lembra um computador em que se coloca mais memória no HD (embora os arquivos estão ainda procurando suas pastas), passamos à seguinte - a traição. Termo no mínimo inesperado e polêmico, penso, conhecendo, observando e ouvindo vários colegas que esta é uma palavra que pode nos ajudar na seqüência desta análise.


Lembramos então um pouco como são em geral os habitantes deste estilo de vida chamado Hip Hop. Estamos nos remetendo a uma tribo onde há claramente códigos (não necessariamente escritos) de conduta, pensamentos, valores, ideologias. A relação proxêmica, ou pulsão afetiva que se deriva deste entorno, faz com que aqueles que desejam experimentar além dos traços culturais, estereotipados ou não, sintam pelos outros ou por si próprio um sentimento de estar traindo uma forma de fazer e pensar o movimento e as configurações que se aconchegam neste espaço pseudo-imaculado.


Assim, podemos entender porque estamos muitas das vezes assistindo um espetáculo de um destes grupos que já saíram da fase da ambição e então começam a experimentar de verdade, e de repente, vê-se alguma referência clara (na maioria das vezes dispensável) de tentar justificar aos amigos, ao público e a si próprio que seguem junto com o Hip Hop. É como se quisessem abrir uma faixa no final do trabalho escrito em arial black ou mesmo em graffiti com a sentença exposta: nós seguimos juntos com o movimento Hip Hop.


Bem, finalmente quando o coreógrafo e ou seu grupo conseguem superar esse momento, podemos estar bem perto de conhecer uma obra que tem como pilar o Hip Hop - eu já tenho visto algumas no Brasil e em alguns teatros pela Europa, mas são ainda raras.


Ao passar da fragilidade emocional para uma crise artística freqüente, o coreógrafo (que não deixa de ser do Hip Hop, e de forma alguma trai seu movimento) habita lugares de paisagens alvíssimas, clareiam-se questões antes muito embaçadas (que agora chegamos a rir de tudo isso). Nesta interface, chegam outros questionamentos a fim de que a alteridade não sufoque a crise na criação. Essa fase eu optei por chamar de liberdade, e esse é exatamente o sentimento que sinto aflorar em alguns colegas.


Quando optamos por olhar com um certo distanciamento aquilo do qual fazemos parte, é possível ver questões que antes não se enxergava (gênero, racismo às avessas, machismo, preconceito de dentro etc). Assim aparecem críticas que nos levam a um crescimento e amadurecimento do nosso próprio habitat.


Serão os próprios amantes e simpatizantes do Hip Hop que farão com que este movimento se torne menos partido e siga em movimento para o seu grande e merecido reconhecimento no universo cênico.



por Paulo Azevedo


quarta-feira, 4 de junho de 2008

Audição para o Grupo Corpo

A Cia de Dança Contemporânea GRUPO CORPO, abre audições nacionais para dançarinos do sexo masculino.
Interessados, se apresentem com urgência.