Segue um texto fantástico e embasado, mas q exigirá paciência e real interesse pela Verdade e pela Comunhão dos Santos.
O texto é um condensado do primeiro capítulo do livro de Frank Violla, e revela as origens de nossas práticas "cristãs". Ele está resumido, porém, não perde o foco ou o valor.
Para os que tiverem coragem... BOA SORTE!!!
Segue:
Em 1520 Lutero lançou uma violenta campanha contra a Missa Católica Romana. O ponto culminante da Missa sempre foi a Eucaristia, também conhecida como “Comunhão”, “Ceia do Senhor” ou “Santa Ceia”. Tudo é direcionado para o momento mágico em que o sacerdote parte o pão e o distribui para as pessoas. Desde Gregório o Grande (540-604) a igreja católica ensinava que Jesus Cristo é novamente sacrificado através da Eucaristia.
Zwinglio (1484-1531), o reformador suíço, aos poucos introduziu sua própria reforma, que ajudou a desenhar a ordem de adoração de hoje. Ele substituiu a mesa do altar por algo chamado “mesa da comunhão”, onde se ministrava o pão e o vinho. Ele também ordenou que se levasse o pão e o vinho à congregação em seus bancos utilizando bandejas de madeira e taças.
Zwinglio também é nominado como o paladino da abordagem da Santa Ceia enquanto “memorial”. Este ponto de vista é apoiado pela corrente principal do protestantismo estadunidense. O pão e o vinho são meramente símbolos do corpo e do sangue de Cristo. Como Lutero, Zwinglio enfatizou a centralidade do sermão. Tanto que ele e seus colegas pregavam com a freqüência de um canal de notícias televisivo: catorze vezes por semana.
Os reformadores João Calvino da Alemanha (1509-1564), João Knox da Escócia (1513-1572), e Martin Bucer de Suíça (1491-1551) fizeram algumas modificações na liturgia de Lutero. A mais notável foi a coleta de dinheiro após o sermão. Como instrumentos musicais não são mencionados explicitamente no Novo Testamento, Calvino eliminou o órgão e os coros.
Como Lutero, Calvino enfatizou a centralidade da pregação durante o culto de adoração. Ele acreditava que cada crente tinha acesso a Deus através da Palavra pregada e não através da Eucaristia. Devido a seu gênio teológico, a pregação na igreja de Calvino em Gênova era intensamente teológica e acadêmica. Também era altamente individualista, característica que nunca foi eliminada no protestantismo.
A igreja de Calvino em Gênova foi o modelo para todas as igrejas reformadas. Isto explica o caráter intelectual da maioria das igrejas protestantes hoje, especialmente a Reformada e a Presbiteriana.
A característica mais nociva da liturgia de Calvino é a de fazer o culto ser dirigido de cima do púlpito. O cristianismo nunca se recuperou disso. Hoje, o pastor atua como mestre de cerimônias e diretor executivo do culto dominical.
Um costume adicional que os reformadores copiaram da Missa foi a prática do clero caminhar em direção a seu assento designado no princípio do culto enquanto a congregação ficava em pé, cantando. Essa prática teve início no século IV quando os bispos entravam magnificamente em suas basílicas, e foi por sua vez copiada diretamente do cerimonial da corte imperial pagã. É ainda observada em muitas igrejas protestantes.
O abandono das vestes clericais, ídolos, ornamentos e o clero escrevendo seus próprios sermões (em vez de ler homilias) foi uma contribuição positiva que os puritanos (os calvinistas da Inglaterra) nos legaram.
A glorificação do sermão, no entanto, alcançou seu apogeu com os puritanos norte-americanos. Os residentes da Nova Inglaterra que faltavam ao culto eram multados ou presos no tronco.
As contribuições dos metodistas e do Evangelismo da Fronteira
Os metodistas do século XVIII proporcionaram uma dimensão emocional à ordem de adoração protestante. A congregação foi convidada a cantar com força, vigor e fervor. Desta maneira, os metodistas foram os precursores dos pentecostais.
Em segundo lugar, a música do evangelho fronteiriço falava à alma e visava propiciar uma resposta emocional à mensagem da salvação. Todos os evangelistas famosos tinham músicos em sua equipe justamente para este propósito. A adoração passou a ser um espetáculo.
Seguindo a trilha dos revivalistas, o culto metodista passou a ser o meio para obter o fim. A finalidade do culto já não era mais a simples adoração a Deus: os crentes foram instruídos a ganhar novos crentes individuais. Os sermões abandonaram a temática da “vida real” para proclamar o evangelho ao perdido. Toda humanidade foi dividida em dois desesperados campos polarizados: perdido ou salvo, convertido ou incrédulo, regenerado ou condenado.
Tanto pecadores como santos carentes eram convidados a ir à frente para receber as orações do ministro. Charles Finney (1792-1872) convidava o pecador para ir à frente e ajoelhar-se diante da plataforma para receber a Cristo. Finney tornou esse método tão popular que “após 1835, chegou a ser um elemento indispensável no moderno revivamento”.
Além da popularização do apelo, também se atribui a Finney a invenção da prática de orar nominalmente pelas pessoas e mobilizar grupos de obreiros para fazer visitas nas casas.
A meta dos Evangelistas Fronteiriços era levar pecadores individualmente a uma decisão individual por uma fé individualista. Como resultado, a meta da Igreja Primitiva — a edificação mútua e o funcionamento de cada membro manifestando Jesus Cristo coletivamente diante dos principados e potestades — perdeu-se completamente.
O Evangelismo Fronteiriço americano converteu a igreja em um ponto de pregação, reduzindo a experiência da ekklesia a uma missão evangelística. Isto normatizou os métodos revivalísticos de Finney e criou personalidades do púlpito como a atração dominante.
As sementes do “evangelho revivalista” foram espalhadas através do mundo ocidental pela influência de D. L. Moody (1837-1899).
Moody inventou o solo após o sermão do pastor. O cântico de apelo era entoado por um solista até que George Beverly Shea sugeriu que fosse cantado pelo coral. Shea encorajou Billy Graham de utilizar um coral para cantar hinos como “Eu venho como estou” enquanto as pessoas iam à frente para aceitar a Cristo.
Moody deu-nos o testemunho porta em porta, os anúncios e as campanhas evangelísticas. Deu-nos o “cântico de evangelização” ou “hino evangelístico” e também popularizou o “cartão de decisão”, invenção de Absalom B. Earle (1812-1895).
Moody foi o primeiro a pedir ao que queria ser salvo para colocar-se em pé e deixar-se conduzir em uma “Oração do Pecador”. Cinqüenta anos depois, Billy Graham melhorou a técnica de Moody introduzindo a prática de pedir ao ouvinte para baixar a cabeça, fechar os olhos (“sem olhar nada em volta”), e levantar as mãos como resposta à mensagem salvadora.
Vale notar que Moody foi grandemente influenciado pelo ensino dos Irmãos Plymouth quanto à escatologia (final dos tempos), que pregava a vinda iminente de Cristo antes da grande tribulação. O pré-tribulacionismo deu origem à idéia de que os cristãos necessitam salvar muitas almas o mais rápido possível, antes do fim do mundo.
Inaugurado por volta de 1906, o movimento Pentecostal trouxe uma expressão mais emotiva através dos cânticos entoados pela congregação. Estes incluíam mãos levantadas, danças entre os bancos, bater palmas, falar em línguas e o uso de pandeiros.
Porém, suprimidas as características emotivas do culto pentecostal, sua liturgia é idêntica à batista. Um pentecostal tem apenas mais espaço para mover-se ao redor do seu assento.
Como em todas as igrejas protestantes, o sermão é o ponto culminante da reunião pentecostal. Todavia o pastor às vezes sentirá “o movimento do Espírito”. Nesse caso, ele adiará seu sermão para o próximo domingo, e a congregação cantará e orará durante o resto do culto.
A tradição pentecostal também deu-nos a música do solista e a música coral (muitas vezes descrita como “música especial”) que acompanha a oferta.
Na mente do pentecostal, a adoração a Deus não é um assunto coletivo [o corpo da igreja], mas uma experiência individual [o membro da igreja]. Com a penetrante influência do movimento carismático, essa obsessão de adoração individualista infiltrou-se na grande maioria das tradições protestantes.
Durante os últimos 500 anos, a ordem de adoração [liturgia] protestante permaneceu quase que praticamente inalterada. No fundo, todas as tradições protestantes partilham as mesmas características em sua liturgia: suas reuniões são celebradas e dirigidas por um clérigo, o sermão é a parte central, os membros são passivos e não tem permissão para ministrar.
É de lamentar-se que a liturgia protestante não tenha se originado com o Senhor Jesus, os Apóstolos, nem com as Escrituras do Novo Testamento.
A liturgia protestante reprime a participação mútua e o crescimento da comunidade cristã. O culto inteiro é dirigido por um homem. Onde está a liberdade para que Jesus fale através de Seu Corpo a qualquer momento? De que forma, na liturgia, Deus poderá dar a um irmão ou irmã uma palavra para compartilhar com toda congregação? A ordem de adoração não permite tal coisa. Jesus Cristo não tem a liberdade de expressar, através de Seu Corpo, Sua direção. Ele é mantido cativo por nossa liturgia. Ele mesmo é transformado em espectador passivo.
Finalmente, para muitos cristãos o culto dominical é extremamente enfadonho. É sempre a mesma ladainha sem nenhuma espontaneidade. É altamente previsível, bem superficial, e completamente mecânico. Há pouco ar fresco ou inovação.
Reuniões [como as da igreja primitiva] são marcadas por uma incrível variedade. Não são ligadas a um homem, nem a um modelo de adoração dominada pelo púlpito. Há espontaneidade, criatividade e frescor.
O Novo Testamento não silencia com respeito a como nós, cristãos, devemos nos reunir. Devemos continuar a arruinar o funcionamento da direção de Cristo defendendo as tradições do homem?
Ficar dramaticamente longe deste ritual dominical é a única maneira de descongelar o povo de Deus.