segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Dança-vitrine? - parte 2


Localização Físico-ideológica

Entendido que a dança é um possível e coerente recurso de louvor a Deus, assim como todas as manifestações artísticas e, portanto, que LOUVOR é uma prática livre de toda a comunidade cristã, entende-se, por conseguinte, que toda e qualquer pessoa que deseja louvar a Deus através da dança é (deve ser) livre para fazer uso dessa linguagem em culto a Deus no meio de sua comunidade, junto com todos os outros que tenham o mesmo desejo. No entanto, o que quero refletir, nesse ponto, é o espaço físico no qual ela acontece.

Falei, na primeira parte, que a maior parte desses ministérios de dança usa a plataforma da igreja como espaço de atuação. Estando sempre na frente da congregação, nos períodos de culto, sendo ASSISTIDOS durante o louvor. Resta saber se essa é a postura mais adequada para algo que se vise direcionar a Deus como oferta de louvor.

Talvez eu esteja exagerando, mas quando quero dar um presente pessoal a um amigo muito íntimo, não vejo necessidade algum de mostrá-lo à minha irmã, que se relaciona com ele de maneira bem diferente da minha. Primeiro, pela própria diferença das nossas personalidades e da maneira como lidamos com essa pessoa em comum. Segundo, por que se o presente é pessoal, ele carrega as subjetividades e evidências do MEU relacionamento com essa pessoa. E caso eu mostre a outra pessoa, que não o próprio presenteado, é apenas para avaliação do meu bom gosto ou aprovação da minha postura (vaidade).

O que quero dizer, com isso, é o seguinte: se a dança que faço no momento é de louvor direto e íntimo a Deus, não há necessidade de mostrá-la a qualquer outro que não seja o próprio Deus. Se for uma expressão direcionada exclusivamente a Deus, não há a necessidade de ser expressa sobre um palco (“altar”), para a contemplação e aprovação de homens. Tão pouco, envolvida por figurinos e adereços espetaculares.

Essa postura só é inteiramente coerente, quando a dança visa transmitir uma mensagem à congregação, à Igreja. Ou quando é uma prática de louvor (“indireto”), que se interesse por inspirar outros à mesma postura praticada. Nesses casos, parece haver lógica para a necessidade de se estar numa plataforma oferecendo recurso visual aos homens.

Veja que disse, anteriormente, que essas eram posturas não necessárias, porém, não as afirmei como proibidas ou plenamente incoerentes com o exercício de culto comunitário. Chamo, aqui, a nossa atenção para a reflexão sobre o que nos motiva a estar dançando. Se é por louvor ou para apreciação de homens. Sendo que ambos podem ser válidos, cada qual em seu momento e contexto. Pois, direta ou indiretamente, o louvor a Deus sempre pode ser manifestado junto com as manifestações, em nós, dos talentos que Ele mesmo nos deu. Dessa forma, tudo gira em torno das intenções do nosso coração, nos fazendo livres e, por isso mesmo, imensamente responsáveis por nossos atos e suas conseqüências.

Precisamos cuidar para que a nossa manifestação de arte não caia numa postura de vaidade disfarçada de culto a Deus. Onde o que importa é sermos reconhecidos pelos homens, suprindo nossas necessidades egoístas subjetivas, fazendo disso apenas um recurso para alimentar nosso ego inchado.



por Neemias Santana

Um comentário:

  1. Nem's sou pastor Romildo Neres, sou Pastor e caminho com o querido Caio Fábio, estou temporariamente em São Paulo, digo temporariamente pois minha sede é Paris - França. Gostaria de pedir-lhe permição para uso de partes de seu texto afim de uma conferência que farei sobre liturgia moderna em São Caetano do Sul - SP ficarei grato de me responder. romildo_neres@hotmail.com

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