sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Dança-vitrine? - parte 1


Os grupos de dança cristãos vêm por mais de 20 anos lutando por espaço e apoio na comunidade cristã brasileira. Hoje, apesar de toda resistência, intolerância e ignorância ainda presente, esse apoio e aceitação se mostram maior do que em qualquer período anterior. No entanto, a popularização da dança nas igrejas, aliada ao aumento dos legalismos e a desenfreada tolerância-ignorante, tem produzido frutos dignos de questionamentos.

Em todas as congregações cristãs que conheço, nas quais existe a prática da dança como louvor, há um grupo interno específico de pessoas que dançam. Esses grupos internos, de alguns anos para cá, começaram a se autodenominar “Ministério de Dança”. E esses tais “ministérios” são núcleos exclusivos, e sempre “ministram” seu louvor a Deus na frente do templo, à frente da comunidade e em cima da plataforma (aqueles que dispõem desse recurso).

Você não notou nada, digamos... Questionável?
Pois bem... Vou tentar ressaltar os contrastes do quadro.

Não pretendo trazer à questão a aplicabilidade do termo “ministério” – não ainda. Mas chamarei sua vista para os outros pontos mencionados, quais sejam: 1_Exclusividade social e 2_Localização físico-ideológica.



Exclusividade Social

É sabido e defendido que a dança é um possível e coerente recurso de louvor a Deus, assim como todas as manifestações artísticas. Portanto, é uma linguagem que deve estar acessível a comunidade cristã, para aprofundamento, desenvolvimento e aplicação. E esse fato, por sua vez, autoriza a utilização desse recurso em ambientes de livre culto a Deus.

Sabendo disso, talvez você pergunte: “Qual o problema com os grupos de dança cristãos?”. Existem vários, mas a existência de grupos específicos e exclusivos não é um problema, necessariamente. O problema é a existência de grupos específicos e exclusivos para o louvor a Deus.

Serei mais claro:

O louvor a Deus, durante uma reunião para culto e celebração, deve ser aberto para toda a igreja. O fato de, geralmente, existir um grupo específico de músicos, deve ser apenas por questão organizacional, para que haja direcionamento musical, evitando uma confusão auditiva e um grande barulho irreverente, em lugar de louvor comunitário.

Esses grupos de música, que “conduzem” o louvor, não impedem que toda a congregação cante junto. Pelo contrário, o objetivo é que todos possam participar da música oferecida em louvor. Porém, com os grupos de dança, acontece algo que difere muito dos grupos de música.

Os grupos de dança nunca visam conduzir a igreja a dançar junto com eles (na maioria das igrejas brasileiras). Mesmo quando não são coreografias, as danças só podem ser executadas por pessoas do determinado grupo. Isso monopoliza a prática do louvor com danças, reduzindo essa possibilidade a um grupo exclusivo e exclusivista, erigido por razões, em grande parte, técnicas, normativas ou pseudo-vocacionais.

Se a dança é um recurso aceitável de louvor a Deus, se a comunidade cristã local compreende isso, se a prática de dança é aceita no âmbito do culto, logo, essa possibilidade DEVE estar disponível para todos os que desejarem louvar a Deus com danças. E essa não é uma questão técnica da dança, é um princípio de culto livre e consciente, princípio de louvor a Deus, enquanto Eclésia.

No culto livre a Deus, não há a necessidade de ser profissional de dança. No ambiente de congregação em louvor, não existe o requerimento em conhecimento técnico em dança, para louvar a Deus. E porque não há? Porque se o louvor é direcionado A DEUS, não se deve buscar agradar a estéticas humanas, a padrões tradicionais nem de vanguarda ou mesmo a questões estilísticas de senso comum.

O fato de termos que fazer o melhor para Deus, não tem nenhuma ligação necessária com a formação acadêmica na área. Esse é um recurso para grupos específicos, com fins específicos, que visam o aperfeiçoamento técnico-profissional, para aplicações específicas, mas não uma exigência geral, para a Igreja. Se assim o fosse, todos nós deveríamos cursar aulas de canto, antes de ousarmos louvar ao Senhor com músicas, durante os cultos. E isso não é uma realidade, sequer, plausível.

O mínimo que se pede à comunidade é o bom senso e um conhecimento razoável do que está se propondo a fazer.


[...CONTINUA...]
Neemias Santana

Nenhum comentário:

Postar um comentário